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sábado, 18 de dezembro de 2010

A Viagem


Uma pessoa que tinha casa de praia em Rio das Ostras (Região dos lagos do estado do Rio de Janeiro), e desde criança, acostumava levar parentes para passar as férias lá, dentre eles, os avós, que gostavam muito do local, pelo fato de ser muito tranqüilo.
Os anos se passaram, os avós morreram quando tinha 15 anos, porém a casa sempre esteve disponível para qualquer parente dele que desejasse utilizá-la. A pessoa, até então tinha completado 20 anos e tinha decidido viajar para lá com a sua namorada , para passar o dia dos namorados juntinhos e sozinhos na casa (seria o final de semana perfeito para um casal que se gostava muito). No dia em que chegaram (sexta-feira), nada de estranho aconteceu, a não ser pelo fato de estarem demasiadamente cansados da viagem, e do sexo não ter sido lá tão bom, como era de costume.
Dormiram normalmente sem serem perturbados por nada. Porém foi na madrugada de Sábado para Domingo que algo muito estranho que até hoje não sai dos pensamentos deles, aconteceu.
Estava eu deitado de lado na cama dos meus pais com a minha namorada (que já estava no décimo sono). De alguma forma, eu não conseguia dormir, porém achei injusto perturbar o sono de minha companheira, e resolvi me virar de costas para ela (para deixar a tentação de lado), e fiquei olhando para a janela, mesmo deitado, para ver se começava a clarear. Foi quando eu comecei a ouvir passos na varanda, passos estes eram fortes e emitiam sons de tamanco, então eu pensei:
Devem estar tentando entrar aqui em casa, mas ao mesmo tempo percebi que ladrões não costumam usar tamancos.
No meio da indecisão de levantar ou não para pegar a espingarda na cozinha, meus pensamentos foram cortados por um barulho semelhante a um ventilador velho que nós temos dentro de casa e guardamos ao lado da cama de meus pais.
Este ventilador é uma lembrança de meu avô, que consertava quando dava defeito, e que desde seu falecimento não havia mais pifado.
Bem, o barulho vinha da área de serviço e ecoava por toda a casa. Ele começou a aumentar e eu percebi que aos poucos ele se aproximava do quarto onde eu estava. Passou pela Copa, Cozinha, Corredor, passou direto pelo meu quarto e pelo quarto de minha irmã (ambos desocupados), e entrou no quarto de meus pais onde estava eu e minha namorada. Minha primeira atitude foi ficar parado para saber o que aconteceria, pois eu estava de costas para a porta, e não via nada, apenas escutava.
Quando me dei conta de que o troço tinha parado de frente para minha namorada, exatamente atrás de mim, tentei me virar para puxá-la para junto de mim.
Ao tentar fazer isso, me dei conta de que todos os músculos de meu corpo estavam paralisados. Meus braços não tinham forças para serem levantados, minhas pernas não se arrastavam nem a ponto de encostar em minha namorada, então entrei em pânico e tentei mover minha cabeça ao máximo para onde supostamente estaria a coisa. Meu pescoço estava duro como pedra, porém ao forçar os olhos, notei que uma sombra negra encobria o quarto. Tentei gritar como último recurso e inúmeras vezes, e apenas ar saiu de minha boca; nem um som sequer consegui emitir por diversas vezes.
Foi quando eu já desesperado, reuni as últimas forças e esperanças e soltei um berro, que em condições normais poderia ferir profundamente minha garganta, porém nas condições em que me encontrava, não saiu mais alto do que uma tosse.
Na mesma hora tudo desapareceu e eu pude puxar minha namorada para junto de mim, abraçando-a e contando tudo o que tinha ocorrido nos minutos anteriores.
Ela ficou meio assustada, mas me pareceu que não acreditou muito em minha estória. No dia seguinte, fui na casa de diversos amigos contar tudo e saber se aquilo tinha alguma explicação lógica. Por inúmeras vezes repeti a estória sem transparecer medo nenhum, tanto que ao anoitecer, fomos para a casa e eu pedi para dormir do lado da cama onde a coisa tinha parado. Eu queria ver aquilo de qualquer maneira, porém, para minha decepção, a noite transcorreu com muita calma e nada de estranho aconteceu.
Voltamos para o Rio de Janeiro e eu fui contar para meus pais, da mesma forma que tinha feito com meus amigos, porém dessa vez, ao terminar de relatar tudo, comecei a chorar compulsivamente e não conseguia parar, minha mente foi tomada por tamanha tristeza, e meu rosto debulhou-se em lágrimas. De início não entendi o porquê daquilo, porém me dei conta de duas coisas mais tarde:
1- Minha avó adorava andar de tamanco;
2- Meu avô adorava aquele ventilador;
3- São meus avós por parte de pai;
Daí pensei: Por que não eles?
Sim. Até hoje prefiro acreditar que tudo o que aconteceu pode ter sido em conseqüência deles. Pode ter sido por isso que eu não fiquei com tanto medo no dia seguinte. E ao cair em prantos na frente de meu pai (filho dos supostos fantasmas tive certeza quase que absoluta).
Meu pai, um pouco impressionado com o ocorrido, disse que mandaria rezar uma missa em nome de seus pais, e por diversas vezes conversou com minha tia sobre isso.
Hoje é 24/02/1999 e venho de um carnaval maravilhoso em Rio das Ostras, onde fomos: Eu, minha namorada atual, meu pai, minha mãe, minha irmã e meu pobre cunhado que acordou uma manhã todo sem graça, perguntando pra todo mundo: "Quem foi que deu um tapa na minha mão ontem de noite ?". Como não obteve resposta alguma de ninguém, resolveu dormir no mesmo quarto que eu o restante dos dias.
Eu não sei mais o que pensar, e digo que estou aberto a sugestões e explicações para o ocorrido

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